21 de abr. de 2012

Rebelde, o jovem na telenovela





Unanimidade entre crianças e adultos, gregos e troianos, Rebelde é a principal e melhor trama teen da atualidade. A história é originalmente mexicana, escrita por Cris Morena, produzida pela Televisa, e transmitida no Brasil pelo SBT, de 2005 a 2006. Não precisa ser jovem ou criança para se apaixonar pelos personagens, suas histórias e angústias. Acompanho a trama, vejo e revejo minhas cenas preferidas no Youtube, gosto e preciso alimentar o meu lado juvenil, que nos transforma em eternos desbravadores. 

A trama conta a história de seis jovens que após se conhecerem no colégio e descobrirem o amor pela música, resolvem montar uma banda, que dá título a novela. Como pano de fundo, um colégio rigoroso, praticamente um internato, que até apóia a arte, mas, a erudita. Além disso, garotos e garotas que passam por questões comuns a sua idade, atritos familiares, descoberta da sexualidade, busca pelo autoconhecimento. 

O sucesso de Rebelde era certo, essa foi umas das melhores apostas da Record, o Brasil estava carente de telenovelas que busca-se o diálogo com diversas faixas etárias. Chiquititas alimentou por muito tempo a imaginação dos brasileirinhos, no meio disso encontrávamos Malhação, que supria a necessidade dos adolescentes que finalmente descobriam que crescer nem sempre traz facilidades. Nessa época, éramos bem servidos de histórias e personagens. Todavia, como nem tudo dura para sempre, Chiquititas acabou e Malhação capenga até hoje na tela global, a cada temporada só aumenta o índice de rejeição, acredito que não adianta mais repaginar, deveria parar e começar do zero, outro formato ou quem sabe outro tipo de programa. 

Nesse deserto de tramas teens, Rebelde chega, convence e se firma, traz personagens comuns e de fácil identificação para os jovens, com isso, a audiência só cresce, com razão. Na seara dos personagens, casais se formaram e desfizeram, foi discutido alcoolismo na adolescência, a primeira vez, transtornos alimentares, drogas e afins. É o velho e bom papel social da teledramaturgia. E chega ao fim a primeira e consagrada temporada. Já no início da segunda fase, vemos novos personagens e o motivo que me fez escrever esse texto, a grande novidade de Rebelde 2012, é o RPG. Role-playing game, que em português significa "jogo de interpretação de personagens" é um tipo de jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. 

Os atuais vilões Miguel e Lucy recrutaram os rebeldes, e os “ex-vilões”, Binho e Pilar se contrapõe, e assim se estabelece a luta entre vampiros e lobisomens. Momento de reflexão do leitor, sim, a saga Crepúsculo de Stephenie Meyer, foi a primeira coisa que me veio a mente ao ler essas novidades no R7. A novidade é de verdade nova (perdoem-me a redundância, entretanto, senti a necessidade de um exagero). Muitos fãs vêm expressando o seu desagrado com os rumos da trama teen, alguns estão inconformados, criticam a novela e afirmam que o RPG a destruiu e por ai vai. 

Admito, logo a princípio odiei, detestei imaginar que uma trama latino-americana iria sucumbir à febre mundial e perder sua originalidade. Contudo, passado os primeiros 15 dias de “não assisto mais” e “eles estão copiando Crepúsculo”, parei de lutar contra o novo e percebi que tudo continua lá, o melodrama, os casais que adotamos, os dramalhões para lá de mexicanos, as nossas gírias e os amores. Passado o momento de aceitação, sugiro a todos que dêem uma segunda chance, quem ainda não viu e amava Chiquititas, dê uma espiada, e crianças.. esses beijos são quentes demais para vocês. 


2 de abr. de 2012

Avenida Brasil, o que João nos reserva?




Já se passou uma semana da trama de João Emanuel Carneiro, após apresentação das histórias, dos protagonistas e dos personagens antagônicos, consigo formular uma opinião rasteira sobre a nova obra global. Desde que começou como escritor de telenovela, João mostrou que não veio simplesmente para somar, ser mais do mesmo, com isso, sempre nos presenteia com vilões que entrarão para aquela lista de artistas que odiaremos pelos próximos 9 a 10 meses (tempo médio de uma trama) ou até para vida toda.

Avenida Brasil conta a história de Rita/Nina (Débora Falabella), uma garota que é órfã de mãe, maltratada pela madrasta e que com o falecimento do pai vai parar num lixão. A nossa primeira e grata surpresa é a garotinha Mel Maia, que vive a Rita quando criança. Ela tem uma força no olhar que comove o mais duro defensor do “novela é alienação”, ela chora e ri com uma verdade admirável. Com esse brilho, ela nos apresenta o Batata, personagem do Bernardo Simões, uma verdadeiro moçinho com direito a ares de príncipe, cavalo branco e capa... mesmo que de chuva.

A trama das 21h, trouxe a vilã Carminha, depois desse personagem Adriana Esteves jamais será a mesma, a vontade é de matar. Carminha possui traços de uma mulher que aprendeu a se virar sozinha, que não tem dó nem piedade e que prefere pisar a ser pisada.

Todavia, o que de fato marcou os seis primeiros capítulos de Avenida Brasil foi como o lúdico e a magia tomaram conta de um local feio, marginalizado e que transforma crianças em elementos da desumanidade social. E apesar de todas as “mordomias”, das crianças que trabalham para tia Lucinda (Vera Holtz), elas continuam catadores de lixo.

O lirismo com que os personagens Rita e Batata se conhecem, tornam-se amigos e por fim se casam faz com que esqueçamos todos os problemas vividos nos lixões do nosso país e nos faz acreditar que o amor transforma. Mas não sejamos bobos, a mais bela flor, após ser pisada inúmeras vezes, em algum momento vai ferir de volta.

Agora é esperar o retorno de Nina e presenciar mudanças nos moçinhos, que já não agradam mais ninguém com suas atitudes inverossímeis e totalmente fora da realidade que vivemos. Um viva a João Emanuel Carneiro que após 44 anos, nos presenteia com uma protagonista anti-heroína. Que venham mais Betos Rockfeller. 

8 de fev. de 2012

A política da teledramaturgia




Há muitos anos ouvimos dizer que o fim da telenovela está próximo, que são sempre as mesmas histórias, que o público já não agüenta mais o formato de moçinhos versus vilões e enredos água com açúcar. De fato, a audiência diminuiu e a internet possibilitou construir a nossa hora de assistir TV, e com isso, deixamos de lado à obrigatoriedade de estar no sofá naquele horário específico.

Com as mudanças, as principais emissoras do nosso país também passaram a inovar na sua teledramaturgia. Neste texto, vou falar da dramaturgia da segunda maior emissora brasileira, que já se equiparou no que diz respeito ao telejornalismo, credibilidade e entretenimento. Todavia, o melodrama era algo que deixava a desejar, aquela pedra no sapato da TV de Edir Macedo.

A Record chegou a produzir novelas que saíram do ar sem um fim, como Metamorphoses, as séries tinham data para começar, mas, não se sabia quando terminavam. A emissora demorou à fidelizar telespectadores e convencê-los que suas histórias eram “confiáveis” e com uma continuidade respeitável.

Nessas experimentações, a Record encontrou um grande filão inexplorado pela rainha da teledramaturgia latino americana, a Globo. Hoje, a emissora de Edir Macedo vem apostando em minisséries com histórias “bíblicas”. A primeira foi A História de Ester lançada em março de 2010,  trama que se passa por volta de 400 anos a.C, na antiga Pérsia, onde hoje é o Irã, e tem como tema principal a história de amor entre uma mulher do povo judeu, Ester/Hadassa (Gabriela Durlo) e o rei Assuero (Marcos Pitombo). Apesar do horário e da baixa qualidade estética, a história rendeu uma excelente audiência a Record. Logo na sequência, em janeiro de 2011, foi à vez de Sansão e Dalila saírem do Livro de Juízes (Velho Testamento) diretamente para os lares brasileiros apresentando a história de Sansão, um israelita, líder do povo hebreus, dotado de grande força. Sansão é traído por Dalila, mulher por quem se apaixona, e que ao descobrir o poder de seus cabelos, o entrega aos inimigos filisteus. Apesar dos avanços, a trama ainda apresentou amadorismo no que diz respeito às cenas de lutas.

No início de 2012, a Record continuou focada em histórias bíblicas e resolveu revisitar, a partir de 24 de janeiro, em Belém, a vida de Rei Davi. Com texto de Vivian de Oliveira e direção geral de Edson Spinello, a minissérie de 29 capítulos conta a história de Davi, um jovem pastor de ovelhas, o mais novo de sete irmãos que derrotou o temível gigante Golias e transformou as doze tribos de Israel em uma grande nação. Com o passar dos anos, se tornou um homem polêmico, um herói valente e destemido, senhor da guerra, libertador de seu povo e, ao mesmo tempo, um artista generoso, sensível, poeta, músico.

Fora a quebra de braço de audiências, é fato que a Record evoluiu e passou a  apresentar tramas elaboradas e esteticamente mais bonitas. Contudo, não podemos esquecer que existi uma briga incessante por poder e a teledramaturgia é mais uma janela para presenciarmos uma luta de emissoras poderosas. Imaginar é um máximo, escrever um melodrama é maravilhoso, só não podemos perder de vista que nem tudo é a vera. 

3 de fev. de 2012

A família e “A Vida da Gente”


A novela “A Vida da Gente” surpreende pela intensidade das suas cenas e pelas relações e laços traçados entre os personagens. Apesar de todo melodrama ter como pano de fundo um triângulo amoroso, a telenovela de Lícia Manzo – discípula de Manoel Carlos – e com direção de núcleo de Jayme Monjardim, ultrapassa a barreira do amor entre homem e mulher, para demonstrar uma relação belíssima entre mãe e filha.

A todo o momento, a trama trabalha a relação materna, através da personagem principal, Ana (Fernanda Vasconcellos) e sua filha Júlia (Jesuela Moro), que se reencontram após a tenista ficar anos em coma. É uma incessante tentativa desta mãe de estabelecer uma relação verdadeiramente afetiva com sua filha. Além da inexplicável rejeição de Eva (Ana Beatriz Nogueira) a sua primogênita, Manuela (Marjorie Estiano).

Toda trama de “A Vida da Gente”, se baseia em gente! Ok, isso aparenta ser óbvio, só que nem sempre vigora. O enredo se passa no sul do Brasil e apresenta personagens com histórias de vidas reais e possíveis. É idoso que tem câncer de próstata por preconceito de fazer o exame, pais ocupados demais e filhos educados por babás, mães com produções independentes e por ai vai.


A telenovela se aproxima do fim e a sensação que tenho é que ela ainda renderia panos para inúmeras mangas. E como toda trama, no final o triângulo se desfaz, só nos resta assistir para ver que fim Lícia dará aos seus personagens.

24 de mai. de 2011

Então Lopes, agora é só nós dois!



“Pois é Lopes, a partir de hoje eu voltei. [pausa] Não dizem que a felicidade tem um preço? To chegando à conclusão que terapia é que nem ginástica, se você pára, toda a resistência adquirida tomba. Eu sei que você me deu alta, disse que eu tava pronta pra parar, mas que culpa eu tenho se a vida, ela não pára. Pra mim Lopes, ser amada-amante só fica bem em música do Roberto Carlos. Quem foi que me ensinou que amantes são destruidoras de lares? O ideal seria pular fora né? Mas eu gosto de optar pela felicidade, fazer o quê!?” - primeiro diálogo de Mercedes com Lopes, seu psicólogo, no início da temporada, 5 de abril.

Se reinventar! Este é o melhor verbo para definir o propósito da atriz Lilia Cabral, a dona do Divã. Muito conhecida pelos diferentes personagens já interpretados, a atriz encerrou ontem (24), a 1ª temporada de Divã, inspirada no filme de excelente bilheteria e grande repercussão nacional. A série é sim uma continuidade do filme, com novos personagens e novos direcionamentos para os já existentes, não se fazendo necessário um Divã 2. Thanks God!.. estou cansada das continuações de filmes que dificilmente alcançam 1/3 das expectativas da crítica e do público.

A série retrata as mais variadas situações do cotidiano de Mercedes.. mãe, mulher e artista plástica. As histórias são contadas pela personagem ao seu psicólogo Lopes e vão dos mais cômicos relatos a sentimentos mais profundos. É praticamente impossível não se comover com as lágrimas e os risos na nossa narradora, a sensação de intimidade e cumplicidade entre o personagem e os telespectadores é inevitável.
Assim como no filme, o seriado é leve e com pingos de dramalhões, não devendo nada aos nossos "vizinhos mexicanos". O elenco têm um conjunto pequeno e muito bem afinado: temos a descolada amiga Tânia – Totia Meirelles -, o vizinho loucamente apaixonado pela Mê, apelido carinhoso dado pelo gerente de banco, Jurandir – Marcello Airoldi -, a empregada alcoviteira Natália - Lidiane Ribeiro - e os dois filhos-parceiros Bruno e Thiago, vividos respectivamente por Duda Nagle e Johnny Massaro.

O destaque fica por conta do cabeleireiro Renée, personagem do talentoso Paulo Gustavo, que no filme ficou conhecido pelo bordão “repica Renée, repica”. O Renée é aquele amigo para todas as horas e para todas as dúvidas, ele está no concerto de um corte malfeito a cura das desilusões amorosas de Mercedes. O jeito falastrão, espevitado e brasileiro do personagem não nos engana, é mais um a entrar na história da TV brasileira. Sinceramente, espero que a despedida seja na verdade um até logo e se dependesse de mim a série teria uma vida longíssima.